Amesterdão #1

Aterrei em Amesterdão às oito da manhã de Lisboa e fi-lo como sempre faço quando viajo: à boleia da lição estudada pelo senhor meu marido {adoro escrever isto!}.

Na verdade, não fiz o trabalho de casa. Sei que Amesterdão foi em tempos uma zona piscatória, sei que é banhada por muitos canais e sei que a Holanda é uma Monarquia. Também sei que me perderei, a pé, pelas ruas e ruelas {a melhor forma que conheço de entrar numa cidade} e que gostaria de passear de bicicleta, mas não sei curvar. Pouco mais sei.

Quem estudou a lição sabe que canais privilegiar e que museus visitar, sabe exactamente onde é a Sinagoga Portuguesa, a casa de Anne Frank e a Praça Dam. Eu limito-me a seguir pela viela que me parece mais colorida, ou mais castiça. Sem grandes objectivos a não ser o puro prazer, o deleite daquele exacto momento.

Bem sei que a vida nem sempre nos permite este luxo. Este, de podermos fruir dela sem foco de nenhuma espécie. E mesmo quando a benção se dá, nem sempre estamos preparados para fazê-lo sem questionar. Serei merecedora disto? O que é que a Vida se prepara para me tirar depois disto? Os miúdos estarão bem? Sobreviverão sem a minha presença durante cinco dias? A vida corre fora desta bolha sem mim? Se me perder do mundo por uns dias, perder-se-á ele de mim?

Não creio.

A distância traz perspectiva.

A vida continua a fluir. Os miúdos sobrevivem maravilhosamente nestas "férias de mãe". O mundo encarrega-se de seguir o seu rumo sem ligar a mínima à minha escapada.

Abençoados.