segunda-feira, 14 de abril de 2014

Sem filhos e sem culpa

Os meus filhos vão hoje de férias com os avós. E para não variar, pairo nesta ambivalência louca entre o alívio de ficar uma semana em regime "kids-free" e o vazio que a ausência deles me provoca. Como se o silêncio em que a casa mergulha fizesse barulho, e como se o tempo livre com que fico repentinamente, causasse marasmo.
Sei que esta sensação de estar à deriva desaparece ao fim de umas horas, simplesmente porque aprendi a existir para além dos meus filhos. Gosto de não ter horas para quase nada e de poder tomar decisões ao sabor do vento e da vontade. Sinto uma certa excitação de miúda ao pensar que saio do trabalho e o dia é meu. Um gin numa esplanada qualquer com vista para o rio, cinema nas Amoreiras, um petisco a dois numa tasca de Lisboa, fazer amor de porta aberta, uma tosta mista num quiosque da Avenida da Liberdade. Gosto do tempo que ganho com a ausência deles e já aprendi a gozá-lo sem culpa.
Mas até lá {até o prazer se instalar descaradamente}, morro de saudades como se me faltasse uma parte de mim. E também com isso terei de aprender a viver. Sem culpa.


1 comentário:

Mafalda disse...

Como a compreendo... bjs*