sexta-feira, 17 de maio de 2013

O tema quente do {meu} dia

Foi hoje aprovado pela Assembleia da República o projecto lei que permite a coadopção de crianças por casais do mesmo sexo.
Para que fique claro, diz o diploma que "Quando duas pessoas do mesmo sexo sejam casadas ou vivam em união de facto, exercendo um deles responsabilidades parentais em relação a um menor, por via da filiação ou adopção, pode o cônjuge ou o unido de facto coadoptar o referido menor".

Ouvi a notícia na rádio e {perdoem-me a lamechice}, não pude deixar de me emocionar.
Sou Assistente Social, mãe de 3 crianças e já não estou casada com o pai dos meus filhos. 
Vivo com o homem por quem depois me apaixonei perdidamente, e apesar de estarmos em pleno século XXI, ainda sofri na pele alguma hostilidade por parte de algumas pessoas {muitas da minha idade, diga-se!}, por ter sido eu quem decidiu sair de um casamento que já não me fazia feliz. Algumas vozes se insurgiram directamente contra esta minha decisão, classificada como precipitada e irresponsável. Afinal, desfazia um casamento de 10 anos e "tirava o chão" a 3 crianças inocentes e desprotegidas. Algumas outras não precisaram dizer nada, que a forma como discretamente se ausentaram foi sinal suficiente para perceber a sua posição.
Mas este momento particularmente difícil da minha vida também serviu para aproximar {ou manter} as pessoas que faziam realmente sentido na minha história. Aquelas que não julgam as aparências mas que, bem ao contrário, procuraram perceber as razões ou nem delas quiseram saber, limitando-se a aceitar uma decisão que não lhes pertencia, e a apoiar no que fosse necessário. Falo dos amigos a sério, claro está. De pessoas que não cegam no preconceito. E sim, estou somente a falar de uma mulher que, nos dias de hoje, em Portugal, decidiu que não estava feliz e terminou um casamento.

E perguntam vocês, o que tem esta parte da minha história de vida a ver com o projecto lei que foi hoje aprovado?
Tem tudo a ver.  Acredito que os percursos sinuosos da nossa própria existência só fazem sentido quando deles tiramos lições. E com o meu caminho, aprendi a não generalizar nenhuma história, a ser mais tolerante, a acreditar que o Amor se sobrepõe a qualquer convenção social e que as relações sinceras entre as pessoas {entre casais, entre pais e filhos}, operam milagres que não se compadecem com o sexo, com a idade, com a raça, nem com o que quer que seja.

Se esta decisão foi mais um passo no sentido da felicidade plena de algumas famílias, será bem-vinda para mim. Que a negligência, os abusos e a violência familiar não conhecem classe social, nem género, nem raça. É esta lucidez que precisamos manter {ou conquistar} para prevenir situações de risco. Esta e só esta.
De resto, que sejamos todos muito felizes.
E deixemos de o ser às escondidas, mas às claras, que somos todos filhos de Deus.

MM 


4 comentários:

Frida Kahlo disse...

Não podia estar mais de acordo

Ana disse...

E eu idem! Sou mãe solteira e fui 'crucificada' por algumas pessoas pela minha opção. O meu filho hoje é uma criança feliz, equilibrada e com um pai e uma mãe que o amam e só o querem ver feliz!

Pintarolada disse...

Texto sincero! Concordo, sem dúvida.

Roxy Girl disse...

Querida Marta,

Curiosamente acho que é a primeira vez que comento o blog, mas já o leio há algum tempo.
Ler este texto inspirou-me também a escrever acerca deste tema, sobre o qual nunca quis dar a minha opinião, inspirou-me de tal forma que só agora reparei que te plagiei o título do post! Desculpa.

(trato-te por querida pois é a imagem que tenho de ti, através da tua escrita )

Beijinhos