segunda-feira, 6 de maio de 2013

Entre irmãos


Acho que já disse aqui que sou filha única e, talvez por isso, sempre quis ter uma família grande. Barulho à mesa, vozes que se atropelam, a casa cheia de gente {os filhos, os amigos dos filhos e quem vier por bem}, o cheiro a bolo no forno, diferentes pontos de vista, gente que toca e que canta. Uma família que os vizinhos sabem que existe.
Mas talvez porque não passei por essa experiência na minha infância, nem sempre estou certa de estar à altura do desafio que eu própria criei. Este, de ter constituído uma família numerosa.
Aflige-me não conseguir dar atenção a todos em partes iguais e nem sempre lido bem com o barulho das gargalhadas sonoras e das brigas entre irmãos. Não sei o que isso é, porque nunca tive de partilhar brinquedos a toda a hora, nem de conquistar a atenção de ninguém lá em casa. Também nunca experimentei a cumplicidade na asneira, a arte das "queixinhas", nem o medo de gostarem menos de mim que dos meus irmãos.
Basicamente, tinha uma melhor amiga e uma irmã imaginária, e isso chegou para as minhas brincadeiras de infância.
Hoje em dia, vivo a braços com uma realidade que desconheço e com a qual vou aprendendo a lidar, às apalpadelas.
Às vezes dou por mim a pensar que seria melhor mãe se só tivesse um filho. Um único Ser a quem entregar todo o meu amor, sem ter de dividir, nem multiplicar a toda a hora. O meu coração fora do peito vezes um, apenas.
Às vezes penso nisso.
E logo a seguir, penso que tristeza seria. Que já não me imagino sem este tumulto que me preenche a vida, que me enleva e que me angustia, que me traz sentido a tudo o que faço.
Talvez fosse melhor mãe de um filho único. Talvez. Talvez não tivesse de dividir colos nem multiplicar abraços, e talvez isso me tornasse numa mãe menos ansiosa, mais focada, mais descontraída. Talvez.
Mas, afinal de contas, para que preciso de foco e de descontracção?
Só preciso ser feliz. E isso faz-se com três filhos em casa, confusão, barulho e dias melhores que outros.
A minha vida, portanto.

MM

{Este post é um "momento Limetree"}

Sem comentários: