sexta-feira, 3 de maio de 2013

A minha segunda vida

Casar pela 2ª vez é muito diferente de casar pela primeira.
A começar, porque nada na vida é verdadeiramente irrepetível, para o melhor e para o pior.
Depois, porque sou inevitavelmente uma mulher diferente. Afinal de contas, já se passaram anos e marés, já cumpri o sonho de casar de branco e de vestido de noiva, e já vivi a experiência de ser levada ao altar, de braço dado com o meu pai.
O ciclo do casamento tradicional fechou-se para sempre para mim, e digo-o sem mágoa nem qualquer tipo de nostalgia, porque muito pouco desse modelo de festa caberia na pessoa que sou hoje. 
Não faço mais questão da cerimónia grande e opulenta, cheia de amigos e familiares meus e do noivo, muitos deles que conheci naquele dia pela primeira vez, e que não voltei a ver. Não quero mais um dia do qual esqueci os detalhes, porque estava nervosa demais. Um dia em que pouca atenção dei ao meu recém-marido {e ele a mim}, preocupada que estava em distribuir sorrisos e em ser simpática e atenciosa com todos os convidados por igual.
Desta vez, quero viver tudo sem amnésias do nervosismo. 
Quero escolher um vestido especial que represente a mulher mais madura que sou hoje. Um que revele os meus pontos fortes e que esconda as mazelas dos meus quase 40 anos. Aquelas que vão aparecendo e que vão marcando o tempo que já passou, apesar de me sentir agora, mais bonita que nunca.
Quero comigo os amigos. Aqueles que ficaram sempre e os que apareceram entretanto, e que respeitam cada pedaço de mim.
E quero comigo a família chegada. Chegada mesmo. Aquela gente, sangue do meu sangue, que amo incondicionalmente: O meu pai, a minha mãe.
E quero o que tenho de mais sagrado comigo, nesse dia. Os meus três filhos. E haverá lá coisa melhor que casar com os filhos ao lado? A abençoar num dia especial o que abençoam todos os dias com pequenos gestos, com palavras, com sorrisos...
Quero ter espelhado no rosto o que me vai na alma: que a vida se faz de recomeços e que vale sempre a pena ter a coragem de viver a nossa verdade. E que quando estamos felizes, fazemos os outros felizes. Os que nos amam.

Quero casar na praia. Na mesma em que fui pedida em casamento. O mesmo mar, o mesmo pôr-do-sol, a mesma energia.
E depois...depois, quero Las Vegas sozinha com o meu homem. Uma capela à beira da estrada, um vestido de Marilyn Monroe e um casamento assim. Louco como nós. A sós na nossa doce loucura.
É isto tudo que eu quero. E acho que não é pedir muito para quem não teve medo de agarrar uma segunda vida. E de ser muito feliz com ela. 





MM

9 comentários:

Palmier Encoberto disse...

Quase me apetece casar outra vez... :)

Dolce Far Niente disse...

Faz uma renovação de votos! :=)

Beijinhos

da cidade pro campo disse...

Ora pronto.... já chorei!
As maiores felicidades, que isto da vida nos dar segundas oportunidades não é para todos!
:)

Unknown disse...

Há alguns recomeços que merecem tanta felicidade e como é bom ler alguém assim feliz :)*

Patrícia Teodoro disse...

em setembro foi o que aconteceu comigo...e todos esses teus sentimentos e experiências foram identicas comigo...aliás deve sercom todas aquelas que decidiram ser felizes pela segunda vez

Anónimo disse...

Que maravilha!
Acho que era feliz assim também :)

Alexandra disse...

Que assim seja. Amén!
Bjs
Alexandra Anjos

GuessWho disse...

Gostei tanto deste texto. Também estou a iniciar uma segunda vida, como lhe chamas, e apesar do nervoso miudinho, estou feliz. Também somos uma família numerosa, com dois filhos meus e dois filhotes dele e 6 pessoas em casa, às vezes é muita gente :) mas acreditamos e gostamos.

Anónimo disse...

Gostei tanto tanto deste texto! E de outros, descobri o blogue hoje e que bela descoberta!! E revejo-me tanto! Parabéns!