terça-feira, 16 de abril de 2013

A minha filha e o Rodrigo

Hoje a minha filha chegou do jardim-de-infância doente. De manhã já se queixara de dores de cabeça, mas achei que era manha. Não era. Tem mais de 38º de febre e arrasta-se pela casa, combalida da temperatura alta e das dores de cabeça e no corpo.
Se tudo correr dentro da normalidade {assim seja!}, amanhã iremos à Pediatra que dirá o que costuma dizer: que não é nada de especial, uma virose {é esperar que passe!}, uma laringite; quanto muito, uma faringite. 
Sigo para a farmácia perto de casa, abasteço-me de ben-u-rons, brufens e afins (no máximo, um Clamoxyl), e regresso a casa com a certeza de que no dia seguinte ou depois, tudo volta à normalidade. A Vitória regressa à escolinha e eu ao trabalho, e a agitação e o barulho de três crianças saudáveis dentro de casa, continua a ser a minha realidade diária.
Isto é quando as coisas correm bem. Quando temos a graça de criar filhos saudáveis e de viver apenas com a culpa de nem sempre lhes darmos a atenção e o tempo devidos.
Nestas alturas, mais ainda que em todas as outras, é quando penso na dura realidade do Rodrigo, da mãe do Rodrigo e de todos os Rodrigos e mães dos Rodrigos que há por aí. 
A pediatra não diz que está tudo bem, nem receita ben-u-rons, nem brufens, nem afins. O Rodrigo não volta à escolinha e a mãe não volta ao trabalho, e a agitação e o barulho de uma criança saudável em casa deixa de ser uma realidade.
É também nestas alturas que acho a vida uma merda, que ninguém {nem os Rodrigos nem as mães dos Rodrigos deste mundo}, merecem passar por esta catástrofe. 
Mas como li algures {acho que numa entrevista à mulher que, na vida real, inspirou a mãe do filme "O Impossível"}, quando o medo se instala, há que transformá-lo em acção. 
E é por isso que coisas destas acontecem. 
E que só há uma coisa a fazer: participar.
Lá estarei.

MM

1 comentário:

Anónimo disse...

Tão verdade. É um submundo que nenhum de nós queremos conhecer.