segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Quando ser Mãe é lixado

Ser Mãe nos dias de hoje é ter a cabeça carregadinha de sentimentos de culpa. Uns que nos são impostos por alguém, e outros que criamos nós próprias sem precisarmos do auxílio solidário de ninguém, que como diz a pediatra dos meus filhos, as mães são exímias em ligar o "complicador".
Senão vejamos:
Sentimos culpa porque damos pouca atenção aos filhos, porque trabalhamos horas a mais, porque não passamos tempo de qualidade com as nossas crianças.
Sentimos culpa porque não fazemos actividades lúdicas suficientes, não brincamos o tempo necessário (nem com a motivação suposta), não ouvimos tudo o que têm para nos dizer.
Sentimos culpa porque não lhes damos sopa todos os dias, porque há pratos que se repetem quase sem darmos conta, porque não somos tão criativas como as outras mães {quem quer que elas sejam...}.
Sentimos culpa porque não dizemos "não" sempre que é preciso, porque não dizemos "sim" em momentos-chave da interacção parental, porque criamos demasiados limites e porque somos flexíveis demais.
Sentimos culpa porque castigamos muito, porque não castigamos nada, porque somos autoritárias e porque às vezes não queremos saber. E deixamos andar.
Sentimos culpa sempre que os nossos filhos têm maus resultados na escola {ou não têm os que esperamos}, sempre que nos provam por a+b que não são os melhores nas mil e uma actividades extra-curriculares que frequentam, e sempre que não dizem o que gostaríamos que dissessem e que não fazem o que gostaríamos que fizessem.
Sentimos culpa por não sermos mães melhores, porque as mães dos filhos dos outros parecem sempre mais competentes, mais pacientes e mais eficientes que nós.
E a lista poderia continuar indefinidamente.

Ser Mãe nos dias de hoje é lixado.
Há teorias demais, estratégias demais, modelos demais.
Cada palavra, cada comportamento dos filhos e das mães é escamoteado até ao tutano, porque {quase} tudo na primeira infância pode conduzir a traumas, a bloqueios e a padrões disfuncionais na idade adulta.
E palavra de honra que às vezes me canso de tanta pedagogia infantil...a parentalidade positiva, a educação para a felicidade, os 10 minutos de qualidade parental, as estratégias para evitar a criança tirana, as teorias fundamentalistas sobre o erro crasso que é gritar com os filhos, as que proíbem os miúdos de entrar na cama dos pais e as que provam que essa é a solução para todos os males.
Às vezes tenho vontade de me tornar uma "mãe tábua rasa" e fazer apenas o que me dá na telha, simplesmente porque sim. Porque acredito nos meus instintos, porque mereço estar esgotada de vez em quando, porque não tenho medo de cometer erros, que se o Amor prevalecer sempre (mesmo com uns berros, uns castigos mal aplicados, uns dias sem sopa e algumas palavras descontextualizadas), não há mal que venha ao mundo.
Tenho dito.

MM

{Este post é um momento Limetree}

6 comentários:

Anónimo disse...

Hoje estou de rastos... tenho o coração em mil bocadinhos. Ao ler este texto até parece que me conhece e que sabe que ontem foi um dia dificil na minha casa. Estou magoada porque não sou perfeita, não tenho filhos perfeitos e à minha volta só vejo mães que são (ou parecem ser9) perfeitas, vejo filhos com notas boas, comportamentos bons... e eu sinto-me esgotada e só me apetece chorar por ser tudo o que descreveu neste texto. Amo muito as minhas filhas, mais do que tudo o que existe, mas é tão dificil ser mãe.
Desculpe o testamento

BJS

SANDRA/FUNCHAL

Mafaldix disse...

Não é fácil, não. E a culpa de quando levantamos a voz, de quando explodimos, de quando nos zangamos??? É horrível... Mas faz parte. E o nosso grande problemas é que queremos, e esperam que sejamos super em tudo e às vezes só nos apetece gritar e fugir e cuidar de nós. Bjs

Anónimo disse...

Há uns tempos comentava isto mesmo com a minha irmã, porque me sentia tão culpada?, pois via outros a ter as mesmas reações que eu e ela respondeu-me "é porque queres ser uma mãe perfeita!"

Daniele disse...

leu meu pensamento? você é o meu clone? ou melhor, voce sou eu?

é isso, tudo isso e muito mais! e vamos nos libertar das culpas, dos medos, das insanidades... deixem as mães serem mães e ponto!

Li disse...

MM
Sinto isso tudo, desde a primeira linha...
E ao olhar para a ultima parte do texto é que vejo o quão limitadas somos pelos outros, pelas ideias pre-concebidas, e no meio disto tudo talvez a única culpa a assumir seja por desperdiçar energia e tempo com essas culpas todas...
É difícil ser mãe sim, e nem todos os dias são magníficos nem o meu filho um exemplo de menino sempre bem comportado mas ele é uma criança feliz e isso é que importa, e lá está, não há mal que venha ao mundo ;)
Obrigada

Alexandra disse...

Não ter expectativas , talvez seja um bom conselho, quer em relação a nós , quer em relação aos nossos filhos. sigo uma filosofia de comunicação não violenta, ou pelo menos tento todos os dias. mas de vez em quando dou por mim a gritar , ou a fazer algo em que não acredito. volto atrás e refaço. estou a aprender a perdoar-me e a nao ter expectativas, nem comigo nem para com os outros. é um treino dificil mas libertador.
deixo aqui uma frase que no outro dia uma grande amiga partilhou comigo:
1- Nada é um problema;
2- Os erros são fantásticos :)

um bom dia a a todas