sábado, 24 de novembro de 2012

Quando acho que estou a ficar louca e estou, afinal, mais lúcida que nunca

Por cima de mim passou um camião esta semana.
E em muitos momentos, ora me senti esmagada debaixo dele, ora fortalecida por ainda estar, afinal, com os ossos todos no sítio. E com a cabeça no lugar. Intacta e erguida.
Poderia dizer que foi das semanas mais difíceis dos últimos tempos, e não me enganaria. Mas porque acredito piamente que por detrás de um problema, há sempre uma benção, seria injusta se não valorizasse as muitas coisas boas que também passaram por mim nesta semana que passou. E que não me esmagaram. Ao contrário, tornaram-me mais forte.
 
Por todas estas razões, este Sábado é dia de hibernação. E para ajudar {que a vida é muito sábia nestas coisas}, está tempo de chuva e de recolhimento e de silêncio. Um silêncio que partilho com o homem da minha vida, que me conhece como ninguém e que me consente {também ele sabiamente}, este momento de paragem e de centramento. Que a correria dos dias e o turbilhão de certos acontecimentos, tiram-nos a capacidade de foco. De discernimento e de lucidez. E quantas vezes não andamos como loucos pela vida, literalmente loucos, a querer apagar todos os fogos, a querer fazer tudo bem feito {ou by the book, que não é exactamente a mesma coisa}, a querer chegar a todo o lado ao mesmo tempo, a querer sermos todos perfeitos, quando a crua realidade é que, tal como a morte, a imperfeição humana é um dado adquirido.
Sei que a minha saúde mental depende desta capacidade que tenho de me {re}centrar. Não pratico yoga, nem nenhum tipo de meditação. Talvez devesse. Mas sei como regressar a mim própria sem me perder. E talvez que se mais gente soubesse fazê-lo, não teriamos tanta gente insana por aí. E não falo dos que comumente são apelidados de "loucos". Falo dos que aparentam lucidez e que tantas vezes, sem saberem, já se perderam de si próprios há muitas luas. E já não têm como fazer o caminho de regresso, porque é tarde demais.
 
Uma amiga escrevia-me ontem que o que realmente interessa são os afectos. E são-no de facto.
E desses, está o meu mundo cheio.
 
MM

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