quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Dar Cartas

Acho que sou uma pessoa optimista por natureza.
Claro que tenho os meus momentos cinzentos, as minhas dúvidas existenciais. Os meus medos pessoais. Mas nada de estrutural.
Não alimento o discurso da tragédia, nem do fim dos tempos, porque acho que não acrescenta nada. Ou por outra, soma angústia, desespero e sofrimento e, nalguns casos, revela mediocridade e pequenez.
Contudo, porque vivo neste mundo, neste País e neste tempo em particular, não consigo ficar alheia ao que aí vem. Nem ao que já aí está. Simplesmente, porque "vou a jogo em todas as cartadas", senão vejamos:
- Sou mãe de 3 filhos menores
- Sou mulher
- Sou funcionária pública  
- Sou Assistente Social
- Ganho  mais de 1000 euros por mês
- (...)
Como eu, estão milhares de portugueses. E pior que eu, estarão mais ainda.

Recuso o miserabilismo, e não quero engrossar o grupo dos arautos da desgraça. Mas é verdade que isto está uma merda.
Mas porque sou uma optimista por natureza, quero acreditar que é nestes momentos de aperto, que acontecem as maiores revelações.
No limiar das grandes crises da História, houve sempre quem encontrasse motivação para se reiventar. E porque o meu pai sempre me ensinou, que é na polivalência que está a chave do sucesso (ou neste caso, do "desenrascanço"), conto com esta característica para me reinventar. E para reiventar os meus filhos, também.
Porque o Mundo já não é dos que só sabem seguir caminhos em linha recta. Como se A levasse sempre a B... Já não leva!
O Mundo é dos que aprendem a arte de trilhar vários caminhos. Mesmo aqueles que, aparentemente, não conduzem à casa de chegada.
E apesar do aperto em que me encontro, conto dar o maior número de cartas que puder, a cada um dos meus 3 filhos.
Porque é com muitas cartas na manga, que vão a jogo.
Ou nunca sairão da casa de partida.


MM