Acho que sou uma pessoa optimista por natureza.
Claro que tenho os meus momentos cinzentos, as minhas dúvidas existenciais. Os meus medos pessoais. Mas nada de estrutural.
Não alimento o discurso da tragédia, nem do fim dos tempos, porque acho que não acrescenta nada. Ou por outra, soma angústia, desespero e sofrimento e, nalguns casos, revela mediocridade e pequenez.
Contudo, porque vivo neste mundo, neste País e neste tempo em particular, não consigo ficar alheia ao que aí vem. Nem ao que já aí está. Simplesmente, porque "vou a jogo em todas as cartadas", senão vejamos:
- Sou mãe de 3 filhos menores
- Sou mulher
- Sou funcionária pública
- Sou Assistente Social
- Ganho mais de 1000 euros por mês
- (...)
Como eu, estão milhares de portugueses. E pior que eu, estarão mais ainda.
Recuso o miserabilismo, e não quero engrossar o grupo dos arautos da desgraça. Mas é verdade que isto está uma merda.
Mas porque sou uma optimista por natureza, quero acreditar que é nestes momentos de aperto, que acontecem as maiores revelações.
No limiar das grandes crises da História, houve sempre quem encontrasse motivação para se reiventar. E porque o meu pai sempre me ensinou, que é na polivalência que está a chave do sucesso (ou neste caso, do "desenrascanço"), conto com esta característica para me reinventar. E para reiventar os meus filhos, também.
Porque o Mundo já não é dos que só sabem seguir caminhos em linha recta. Como se A levasse sempre a B... Já não leva!
O Mundo é dos que aprendem a arte de trilhar vários caminhos. Mesmo aqueles que, aparentemente, não conduzem à casa de chegada.
E apesar do aperto em que me encontro, conto dar o maior número de cartas que puder, a cada um dos meus 3 filhos.
Porque é com muitas cartas na manga, que vão a jogo.
Ou nunca sairão da casa de partida.
MM