domingo, 4 de setembro de 2011

Guilt-Free

Hoje levantei-me cedo, caminhei 7 Km sem parar, e dormi a tarde inteira.
Acho que se voltasse a recostar-me no sofá, voltaria a dormir, simplesmente porque o meu corpo pede descanso há muito tempo.
Sou mãe há quase 10 anos, e de todas as implicações que a maternidade traz consigo, a que me tem custado mais é, de longe, o sono intermitente. Não que os meus filhos sejam daquelas crianças que dormem mal, ou que acordam a todas as horas, nada disso. Para ser justa, confesso que hoje em dia, já mais crescidos, deixam-me ficar deitada até mais tarde aos fins-de-semana, num gesto generoso, que me comove, mas que não me descansa. Ouço as vozes sussurradas ao longe, quase misturadas com os meus sonhos de superfície, e sempre que o tom se eleva, sobressalto-me de imediato, julgando que qualquer coisa correu muito mal.
A verdade, é que ser mãe implica adquirir um sono leve. Leve como uma pena. Basta um suspiro mais profundo de algum deles, um esgar, um gemido metido no meio de um sonho qualquer,  para me tirar do sono que julgava profundo. Isto para já não falar das noites dos pesadelos e dos terrores nocturnos, que fazem acordar com os nervos em franja, qualquer bela adormecida.
Dormir a tarde inteira é, por tudo isto, um luxo. E dormir a noite inteira, sem interrupções, é outro ainda maior.
Acho que ser Mãe também é isto: saber recolocar luxos e restabelecer prioridades, aprendendo a fazê-lo sem culpa.
Eu já aprendi. E que bem que sabe saborear a vida. Guilt-free.

MM