Ontem, uma amiga comentava comigo que ter os filhos semana-sim-semana-não era uma forma de termos tempo para sermos outra coisa, para além de "mães".
Tenho apregoado essa "verdade" aos sete ventos, porque o nosso instinto de sobrevivência fabrica [e ainda bem!] "verdades absolutas" para continuarmos funcionais e felizes.
Não escondo que ganhei tempo para mim com esta mudança. O tempo gere-se de outra maneira, as refeições flexibilizam-se, os hobbies ganham um estatuto diferente, tudo flui e pouca coisa se apressa na semana kids-free. Por outro lado, os filhos readquirem o direito de manter, em partes iguais, o contacto com a mãe e com o pai, e acredito que esse será um legado para a vida.
Mas desengane-se quem acha que esta situação é o melhor dos dois mundos. É preciso regressar à origem de quem éramos antes da maternidade, e lembrarmo-nos do que gostamos efectivamente de fazer, para além da correria do dia-a-dia. É preciso desligar o "piloto automático" da vida louca em que andamos sempre, e transformar alguns vazios em janelas de oportunidade para sermos e fazermos o que quisermos. É preciso ter vida própria, coisa óbvia, mas só aparentemente.
Mais do que tudo isto, é preciso gerir o silêncio que se instala e as saudades. E essa receita, ainda não tenho.
3 comentários:
A questão é que não é possível regressar às origens antes da maternidade porque entretanto esta muda-nos. Será mais encontrar uma nova maneira de estar e de viver, com as circunstâncias actuais, o que já me parece muito bom :) Se andamos à procura do que fomos para repetir o que nos dava prazer sem aceitar que há coisas irreversíveis, somos bem capazes de nos desiludir.
Olá Marta!
Eu compreendo bem o que quer dizer com "o preencher os vazios". Eu quando fico sem os meus filhos parece que fico à toa. Estou nisto há alguns anos e ainda não consigo gerir bem a ausência deles. Faço-me de forte, mas o silêncio da casa nesses dias às vezes engole-me.
Lua Azul
muitas felicidades, um beijinho de força :)
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