sexta-feira, 15 de maio de 2015

Neste Dia Internacional da Família, uma reflexão sobre a minha...


Saber que passaremos a ter filhos semana-sim-semana-não é demolidor. Uma espécie de descida ao abismo, num mundo em que tudo continua aparentemente na mesma, mas em que o nosso desmorona por completo.
Foi assim que me senti quando, no final do ano passado, foi tomada a decisão.
Nesse momento, colocam-se muitas questões, colam-se-nos muitos fantasmas, chegam-nos muitos medos. Pensamos se teremos tempo suficiente para exercer a maternidade, se os nossos filhos continuarão a gostar de nós da mesma maneira, se se manterão equilibrados, se conseguiremos estar com eles como sempre estivemos: dando mimo e pregando sermões, sem a culpa que, às vezes, a falta de tempo pode trazer consigo.
Já quase passou meio ano e os meus fantasmas encontram-se serenados, porque continuo a ver os meus filhos felizes.
Acredito, agora, que as crianças têm uma capacidade quase infinita de se ajustarem a novas realidades, assim sejam amadas na justa medida. 
Ao mesmo tempo, esta nova vida faz-me continuar a acreditar que não me esgoto na qualidade de mãe, embora esse seja o papel da minha vida: o mais belo, mas o mais duro e o mais exigente. Aquele que me põe à prova todos os dias, o que me questiona a todo o momento, o que coloca tudo em perspectiva e que traz à tona todos os meus defeitos e as minhas maiores virtudes. Ser mãe faz-me descer à terra. Obriga-me a gerir a casa, a fazer o jantar, a ir ao supermercado, a ter as contas em dias. A maternidade obriga-me a ser crescida e a não me perder nos meus próprios devaneios, embora precise deles para continuar a sonhar. Para manter a fome que tenho de me cumprir.

Neste Dia Internacional da Família, vivo uma situação familiar diferente daquela que vivi nos outros dias quinze de Maio todos.
Ainda assim, não é uma situação pior, mas apenas diferente. Um contexto que cumpre o direito que os meus filhos têm a uma vida igualmente securizante com a mãe e com o pai, ainda que em separado, e a constatação de que a instabilidade dos filhos de pais separados não advém da separação em si, mas daquilo que os adultos fazem com ela. 


1 comentário:

Ana disse...

Muitos pais e mães divorciados deveriam seguir o exemplo.