terça-feira, 14 de abril de 2015

Eu, ele e a corrida


Não sei exactamente o rumo que a minha vida está a tomar, mas a verdade é que fico com a neura se estou mais do que um dia sem correr.
Gosto de adormecer de exaustão e de acordar a meio da noite com dores nos pés e nas pernas, a lembrarem-me que fiz o que tinha de ser feito. Saio de casa às dez da noite para treinar, já vim do trabalho várias vezes a correr, e tenho vontade de comprar roupa de treino, mais do que as bugigangas do costume, facto que começa a ser preocupante.
Apetece-me falar do assunto ininterruptamente, de estar com gente que corre, de partilhar isto que me inunda por dentro, como quando nos apaixonamos perdidamente e já nem fome temos. O exemplo não é feliz, porque muito pouco me faz perder o apetite {e menos ainda, a corrida}, mas perceberão o que quero dizer.
Ajuda o meu homem correr. Ajuda muito. Ter alguém com quem falar sobre um hobby que abraçamos sem ouvir críticas, nem ler pontos de interrogação na cara do outro, faz toda a diferença. Também nisto falamos a mesma linguagem. Ambos sabemos quando cada um de nós precisa sair de casa e correr, e não nos importamos com isso. Não vemos para além dos factos: treinar tornou-se terapêutico e não significa estarmos fartos de casa, do outro, ou da vida. Correr faz parte da vida dos dois, como ir ao cinema, sair para namorar, jantar num sítio romântico, ou ficar em casa a ler um livro. E se há dias em que o fazemos em separado, há outros em que treinamos juntos e em que me apaixono mais um bocadinho, porque para quem corre a sério {como é o caso do meu homem}, fazê-lo comigo é um acto de generosidade. Quase um gesto de caridade, que só o amor explica.

Não sei que rumo toma a minha vida, nem onde nada disto me vai levar.
Até lá, aprecio a viagem e não questiono muito. Há coisas que não se perguntam. Vivem-se.




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