segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Mãe [im]perfeita

Passo a semana em que não estou com os meus filhos, a planear a mãe perfeita que irei ser, assim que chegarem. O pouco, ou quase nada, que irei gritar. A mulher sempre bem-disposta em que me tornarei. A pessoa tolerante e paciente que ensaiarei todas as manhãs.
Serei de tal forma imaculadamente perfeita, que a lentidão matinal do meu filho mais velho não mais me irritará. As birras da minha filha para tomar banho passar-me-ão sempre ao lado. A teimosia do meu filho do meio não causará nenhum impacto em mim.
Terei paciência para negociar e mediar todos os conflitos, com a serenidade da mãe do Ruca. E para ler uma história, mesmo quando já passa das nove e meia da noite. E para confirmar, de manhã e à noite {todas as vezes que forem precisas}, se levam os cartões da escola, os 10€ para as senhas de almoço, os casacos e os lanches nas mochilas. Estarei sempre sorridente e nunca andarei à pressa. Farei todas as tarefas com calma, a pensar no propósito de cada uma delas. Serei um modelo de mãe a seguir.

Isto é o que eu penso na semana em que os meus filhos não estão.
Quando chegam, e passada a histeria inicial das {muitas} saudades mútuas, volta tudo a ser como era dantes. As mesmas birras e amuos, as mesmas pressas e as mesmas preocupações. As mesmas rotinas. 
E dou comigo a pensar que não faz mal. 
Ainda bem que não ficamos todos com pezinhos de lã, numa relação postiça tratada a pinças. 
Que bom que é continuarmos, todos, na nossa zona de conforto, aquela que nos permite continuarmos a ser nós próprios uns com os outros, sem salamaleques, nem protocolos, nem deferências filhas da distância.

Os meus filhos têm agora duas casas.
Mas continuam a ser os meus filhos {im}perfeitos e eu, a mãe {im}perfeita de cada um deles.
E que alívio que isso é.


3 comentários:

Paula Ferrinho disse...

Sim Marta, bastante melhor assim, até porque a mãe do Ruca é altamente enervante!
Um beijinho!!

Anónimo disse...

Os filhos estão tão habituadinhos que as mãezinhas lhe lembrem as coisas.
Um dia faça o teste de não lhes lembrar do dinheiro para os almoços, dos cartões da Escola, dos lanches e outras coisas relacionadas com a Escola.
Vão sentir a falta de uma/duas/três coisas e ficam aflitos porque não tem senha para almoçar e assim......E ficam aflitos e começam a telefonar à mãezinha......e, se a Mãe se "armasse" em má poderia dizer-lhes:
- "Já sois grandinhos. Desenrascaivos!"

Anónimo disse...

É tão bom seguir o seu blog! Obrigada Marta.