Se pudesse tinha nascido princesa.
Escusava-me a aspirar, a limpar lavatórios cheios de pasta de dentes e a desinfectar sanitas amareladas, depois dos meus filhos rapazes se esquecerem de levantar as respectivas tampas.
Cozinhava pratos requintados só quando me apetecesse, ou refeições frugais para me lembrar, de vez em quando, do que era ter uma vida simples.
Nunca mudava camas {quatro então, nem pensar!}, não lavava a caixa do gato, e não me apercebia daquele odor ácido que se entranha pelas narinas adentro, como numa via rápida.
Nunca lavava o chão, nem varria canto nenhum, e apanhava zero brinquedos do tapete, rotina que me tira do sério.
Raízes brancas, nem pensar, nem unhas com o verniz vermelho até meio, que o tempo esticava como um elástico, para todo o tipo de mimos e manias.
A mesa aparecia sempre posta e bem decorada, os vidros sempre transparentes capazes de serem lambidos, as bancadas da cozinha imaculadas. Verdadeiros espelhos.
Não sabia o que era uma nuvem de pó quando o sol bate a preceito àquela hora do dia, nem me desgastava a emparelhar peúgas, nem a dobrar cuecas e boxers numa espécie de linha de montagem.
A minha mãe acha que eu deveria ter sido apresentadora de televisão.
Eu cá acho que teria dado uma princesa de excelência.
3 comentários:
Não acredito...parece ter energia de sobra para uma princesa, quer dizer...as de agora têm mil e um eventos onde ir e muita trabalhadeira para pensar no guarda roupa e não repetir uma ou outra peça, enfim...não se afigura muito interessante. Já uma empregada doméstica para dar uma ajudinha, ai...lá isso até eu queria.
~CC~
Depois da Vera me ligar para ir buscar o filho ,porque ficou com a garagem inundada e o carro la dentro
Só, tu me fazias rir !bjos
Muito bom.Também quero ser uma princesa assim.:)))
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