terça-feira, 25 de junho de 2013

Das culpas das mães

Hoje falhei a aula aberta de ballet da minha filha. A última do ano e, naquela escola, a última da sua vida porque em Setembro passa para o 1º ano e começa um novo ciclo.
 Cheguei esbaforida, transpirada até aos ossos desta onda de calor e do stress da pressa que só as mães conhecem, parei o carro em cima de umas silvas num buraco qualquer, e corri para a escola à espera do milagre do tempo parado. Claro que o tempo não esperou por mim e não cheguei a horas da aula, apesar da correria, das pilhas de trabalho que fiz questão de deixar para trás, do carro estacionado quase em cima de uma ribanceira, e de sentir a roupa colada ao corpo como uma segunda pele.
Abriu-me o portão uma das Auxiliares, que fez questão de me olhar com um ar recriminatório {que devo ter sido a única mãe desnaturada!}, e de enfatizar que àquela hora , só se fosse para ir buscar a Vitória, que a aula de ballet já tinha terminado.
Ganhei um abraço na mesma, daqueles que duram uma doce eternidade, mas não escapei do "mãe, foi a minha ultima aula de ballet e não vieste". E também não escapei do sentimento de culpa que persegue todas as mães, apesar de {quase} todas sabermos que fazemos o nosso melhor e que o nosso melhor nem sempre se compadece com o tempo útil dos nossos filhos. Nem com o das organizações em que trabalhamos. 

Resta-me aceitar o facto e seguir em frente.
E acreditar que as memórias da minha filha não cristalizarão na aula aberta a que não consegui ir, mas em tudo aquilo em que estou de pedra e cal. E que conta por uma uma vida inteira.



{Foto tirada hoje, à saída da escola}

MM

4 comentários:

Lili disse...


...(Todas) passamos por isto. Mas ser Mãe implica "esticar" o coração mas não esticamos o tempo. Foi (só) uma aula. Se foi importante? Foi. Claro que sim. Mas os seus abraços e beijos ( esses sim) ficam no disco rígido da memória.
:-) Boas férias.

Isabel Patrício disse...

Tentaste não foi ? muito não foi ? Isso é que conta! Acredita, não te martirizes tanto, de certeza que tu pensas mais nisso do que ela.
Mãe não é perfeita, mas quase!
Bjs

Margarida disse...

Como filha já tive situações parecidas, mas o que conta, é tudo o resto que fizeram por mim! Os filhos sabem perfeitamente distinguir.

Dolce Far Niente disse...

Lili, Isabel e Margarida, obrigada pelas palavras de alento! :=)
Muitos beijinhos para todas