domingo, 8 de julho de 2012

Corpos Danone

Começar a época balnear significa confrontar-me diariamente com o meu corpo.
E perceber que, de facto, já não tenho 20, nem 30 anos e que se nota.
E também significa pedir para que as fotografias não sejam tiradas abaixo da cintura, não dizer adeus, mas acenar e aceitar que apesar da alimentação cuidada {que devo melhorar} e do exercício físico {que devo retomar}, o tempo não volta atrás.
Não terei mais a barriga lisa da adolescência, porque não se carregam 3 filhos no ventre, sem mazelas.
Nunca mais ficarei com as mamocas viradas para o céu, porque não se amamentam 3 crianças sem marcas, nem se engana a lei da gravidade sem recorrer ao bisturi.
E não voltarei ao sorriso sem pés de galinha, por mais cremes que ponha em cima e por mais massagens circulares à volta dos olhos que faça.

A verdade é que o tempo não volta mesmo atrás, e é preciso aceitar este facto incontornável.
E saber fazê-lo com fair-play e sem dramas, ou facilmente caimos nas duas armadilhas possíveis:
- A resignação, aquela lente que nos dá uma falsa sensação de conforto e que nos pode levar a um estado de decadência prematura e desnecessária;
- A ilusão de que é possível regressar ao passado, mesmo que para isso tenhamos que hipotecar todos os prazeres que temos nesta vida, para sempre.
Não quero cair em nenhuma dessas armadilhas porque, como tudo na vida, acho que a chave está algures no equilíbrio.
Um equilíbrio às vezes incerto, porque se há momentos em que aposto nos prazeres da boa mesa, outros haverão em que invisto num estilo de vida mais saudável, porque a proximidade dos 40 já não permite excessos prolongados no tempo. Já não recupero os quilinhos a mais apenas com 2 dias de ligeira contenção gastronómica, nem atenuo a flacidez da barriga com uma simples caminhada à beira mar.
Ter consciência disto tudo, vale ouro.
Mas aprender a lidar com este facto é ainda mais valioso. Porque nos impede de sermos escravas do passado e aceitar, com uma boa dose humor, que embora lindas e cuidadas, estamos noutro ciclo.
É o meu exercício de todos os dias.

MM







6 comentários:

Maria do Mundo disse...

Como eu, nos meus 39 anos, me revejo nas tuas palavras!!!...

Dolce Far Niente disse...

Um grande beijinho, Flor Guerreira! :=)

Anita disse...

Aqui, a caminho dos 38, sem filhos, mas identifico-me também, embora não possa comparar...
Mas quem tenha uma vida normal, sem direito a massagens regulares, dadas por especialistas e se limite a fazer a massagem depois do banho, com o creme ao alcance da carteira, adicionando um ou outro mais específico, não pode esperar ter um corpo de Madonna ou de uma qualquer apresentadora de tv "desocupada"...
Também não quero entrar nesses erros que mencionas, mas isto de ir a caminho dos 40 com um espírito muito próximo dos 25 causa uma grande batalha interior...
E tu já tens a tua família, felizmente... Eu nem companheiro tenho... Ando naquela fase tramada que dos 40 para cima parecem-me "cotas" e dos 35 para baixo não há paciência para os aturar, passa-se muita coisa para ali naquelas cabeças e regra geral são moças dos 25 para baixo... Encontrar alguém dos 35 aos 40... não há! :-/
Que grande dissertação que vai praqui...
Vou ali passar o creme anti-celulite e beber um cházinho de centelha asiática e já volto... ;)
Beijinho*

Dolce Far Niente disse...

Anita, obrigada pela partilha! A pessoa certa vai chegar e a idade nada vai importar! :=)
Muitos beijinhos e vai lá pôr o creme...:=)

Helena Barreta disse...

Parece-me a melhor atitude, palavras sensatas e certeiras.

Um beijinho

Juvenália Dorotea disse...

Tenho aqui algumas divergências, se me permitem, embora respeitando os pontos de vista de cada um.
Não considero que o aumento de peso tenha que ser uma inevitabilidade quando a idade avança ou com as gravidezes, considero sim, que pode haver alguma tendência genética, mas que pode evitar-se com algum cuidado e força de vontade, de preferência, logo que percebemos que alguns dias de descanso e ou refeições mais elaboradas, nos fazem aumentar de peso rapidamente.
Esta reflexão surgiu-me não só em consequência do post, mas também do que vi, agora mesmo, na Conceição Lino que perdeu, em muito pouco tempo, o peso que efectivamente tinha a mais e que a sua profissão não perdoa. As peles dos seus antebraços, já não estou a falar dos braços, que é o mais comum, ficaram penduradas como um saco vazio quando flecte, em 90º, os seus membros superiores. E é isto que eu acho que devemos e podemos evitar.
Comer é muito bom e sei do que falo, se sei…, mas ao longo do dia, na melhor das hipóteses, estou a usufruir desse prazer no máximo 2 horas e, no resto do dia, cada vez que vou à casa de banho ou passo por uma qualquer superfície envidraçada, para além de outros factores que não quero referir aqui, como me sinto? Acho que, mais tarde ou mais cedo, acabamos por pagar muito caro o prazer da boa mesa, tanto na saúde física como na psicológica!
Como a Conceição Lino, também eu tenho umas pelezitas, porque nem sempre resisto a um bom petisco, sobretudo em épocas festivas e fora de casa (em casa não faço, nem tenho) e depois lá vai uma dietazinha que me faz andar com o peso para cima e para baixo e, portanto, falo com conhecimento de causa, mas tenho amigas cuja idade ronda os cinquenta anos, que sempre mantiveram o mesmo peso e têm um corpo impecável de fazer inveja a muita gente na casa dos trinta e quarenta e nem sequer são fãs do exercício físico, mas sempre comeram com moderação. Agora, é só uma questão de escolhas…!
Não devendo ficar escravos da nossa imagem, defendo que o ser humano se deve preocupar com ela e não vejo nisso mal nenhum. Ao contrário de muita gente, penso que a preocupação com a imagem não é incompatível com outros valores, nem os deve pôr em causa!